Meu fígado não me ama mais

Sabe esses dias andei tendo uma conversa meio estranha... eu falava com meu fígado. Não sei foi uma alucinação, sonho ou realidade, mas eu estava sóbria! Ou quase... A isso também não vem ao caso!
O meu fígado andava meio revoltado. E disse que precisávamos ter uma conversa seria.
Tudo começou mais ou menos assim:
- Antonieta.
- Hey Antonieta!
Acordei assustada babando em cima da mesa.
-Quem esta ai?
-Sou eu Antonieta.
-Eu quem porra?
- Isso me trate como um lixo! Foi sempre assim mesmo.
- Sou eu! Seu fígado, sua vaca!
-Ata, claro! Quem mais seria as 4:00 da madrugada querendo falar comigo? Acho que esta na hora de eu parar de beber!
- 04h25min
Corrigiu-me o fígado.
- Não me lembro de ter bebido um relógio!
-O que depender de mim você não bebe mais. Sua maligna!
-Hey calminha ai! O que eu te fiz?
-Você é uma vaca mesmo! O que eu te fiz? Não se faça de louca. Alias a conversa é séria já lhe advirto!
- Eu não quero mais ser seu fígado!
- Quê?
-Isso mesmo! Eu não agüento mais esta vida. Não quero estar aos 50 anos sem utilidade nenhuma. Você me maltrata e por isso eu quero um novo dono!
- Impossível. você é meu! Eu só estou te fazendo feliz! Pense bem , você até pode morrer cedo, mas vai se divertir tanto!
-Claro é super legal morrer de cirrose.
Então percebi, ser boazinha com ele não iria funcionar.
- Não adianta você não pode fazer nada! Eu mando aqui, você só estará livre se eu te doar, e isso não vão acontecer.
-Aé? Acha que eu não posso fazer nada? Deixo-te de ressaca o mês inteiro se eu quiser!
Mal desse jeito só podia ser MEU fígado!
-Você é louca mesmo!
- Claro eu estou falando com o meu fígado! O que pode se esperar de uma mulher que fala com o fígado?
-Eu não te amo mais. Pronto. Falei.
-Não acredito que chegamos a esse ponto. Como pode dizer isso. Eu que sempre lhe amei tanto.
Lágrimas já escorriam do meu rosto. Eu sou ótima atriz admito!
- Agora amor é isso? Me tortura sem dó. Até quando achava que iria nossa relação?
Essa técnica também não pareceu funcionar... era melhor negociar.
- Vamos propor um trato!
- É disso que eu estou falando... realmente você não agüentaria viver sem mim.
Falou ele com seu ar de superioridade! Só o que me faltava, um fígado que se acha.
- Eu vou beber apenas nas quintas, sextas e sábados... E Domingos para não cair na ressaca no fim de semana.
- Apenas sábados!
- Sextas e sábados e não se fala mais nisso.
- Ok. Mas se você não cumprir o trato...
- Tá, tá! Não se preocupe. Não precisa vir com ameaças!
- Sabe Antonia...
- Antonieta!!!!
- Antonieta eu ainda te amo! Falei aquilo da boca para fora. Desculpe.
- Aé?!
Então eu, a brilhante Antonieta. Claro... tive uma idéia. Não era meu fígado que iria me passar para trás!
- Não sei não, se me amasse nunca teria coragem de falar aquilo. Você se sacrificaria por mim . Você deve me provar agora!
- Ok que tal você poder beber quintas, sextas e sábados e no outro dia farei de tudo para fica bem?
- Hum acho que posso te perdoar, mas sabe... Domingo é um dia que acordo inspirada...
- Sua vaca, manIPULADORA, MALIGNA!!!
- Cadê seu amor?
- Ok domingos também.
Ainda não sei se aquilo não passava de um sonho, mas fato é que quando bebo me acordo bem no outro dia!
Louca ou não, não sou eu que acordo de ressaca no dia seguinte!

Andressa Duarte